A origem do povoado se deu com a passagem frequente de tropeiros (condutores de tropas de burros ou cavalos que transportavam mercadorias para comercialização de uma região para outra) vindo do interior do estado do RN ou da Paraíba em busca dos centros urbanos mais desenvolvidos como Macaíba, Natal e São José de Mipibu. Essas viagens tinham na sua programação paradas na Lagoa do Quirambu para descanso, alimentação e dessedentação dos animais. Esse número grande de pessoas e animais careciam de alimentos e outros mantimentos para chegar ao destino. Um cidadão por nome Antônio Miranda vislumbrou que montando uma venda nesse caminho atenderia as necessidades dos viajantes e ainda ganharia dinheiro. Com o sucesso comercial do seu ponto, a circulação de mercadorias em quantidade e variedade passando na sua porta, logo idealizou também uma feira. Terras férteis, água de boa qualidade, clima agradável, foram os convites de boas-vindas às primeiras famílias para fixarem as suas raízes e prosperarem nesse pedaço de chão. Esses foram os primeiros passos no berço de Monte Alegre.
Origem: Murilo Paiva Lopes
Nos anos de 1600 índios já se haviam aldeados no território por nome Mopebu (hoje São José de Mipibu). Em 1737, uma localidade dessa região que possuía uma lagoa de nome indígena "Quirambu", passou a ser uma grande fazenda de propriedade do Sr. João Francisco Ribeiro. Até hoje não se tem registro de que no território pertencente ao município de Monte Alegre tenha havido uma aldeia indígena, mas isso não descarta a possibilidade de que os mesmos tenham circulado nessas áreas em busca de peixes, frutas e de caças.
O povoamento próximo dessa lagoa só aconteceu em meados dos anos de 1900. O local era passagem de tropeiros para São Jose de Mipibu (estação ferroviária de Papary), Macaíba (portos dos Guarapes) e Natal onde buscavam maiores centros urbanos para comercializar seus produtos. O comerciante Antônio Miranda vendo a viabilidade de vender mantimentos a esses viajantes construiu sua casa de morada e comercio justamente nesse caminho e em seguida organizou uma feira. Um outro morador por nome Manuel Catarina repetiu o gesto e se estabeleceu na mesma estrada com um moedor de cana manual feito de madeira para fazer venda do caldo da cana.
Em 1901 já existia um cemitério cercado por estacas e arame e as atividades agropecuárias e comerciais já floresciam no lugar quando foi iniciada a construção do muro de alvenaria do cemitério e de uma capela. Essa capela foi desmanchada em 1916 e parte do material foi usado em outra capela que hoje é a atual igreja do centro da cidade. Nesse período vieram diversas famílias para Monte Alegre e a agricultura do algodão herbáceo acelerou a economia ao ponto de o lugar ter duas usinas de descaroçamento de algodão.
Em 1916 foi concluída a construção da primeira escola (Casa Escola foi seu primeiro nome) e ainda no mesmo ano foi iniciada as obras da capela. Essas duas edificações tiveram como responsável o sr. João de Paiva que durante os anos de 1906 a 1926 foi uma grande liderança nesse povoado.
No ano de 1929 toma posse como prefeito de São José de Mipibu o cidadão Áureo Paiva que apenas em um ano e oito meses de gestão marca a história do lugar inaugurando em 1930 a energia elétrica, não apenas na sede do município como também no povoado de Monte Alegre. Esse fato trouxe muita notoriedade a essa pequena localidade pois muitas cidades do estado não possuíam de tal serviço. A economia teve um grande impulso chegando nesse período a funcionar oito casas comerciais de tecidos. As festas do povoado ficaram famosas pois a iluminação elétrica expandia mais o tempo dos bailes, dos eventos religiosos e juninos. A vaquejada sempre fazia parte dessas festividades e foi pioneira em diversas mudanças nesse esporte cultural.
Somente 31.10.1938, pelo decreto estadual nº 603, é criado o distrito de Monte Alegre e anexado ao município de São José de Mipibu para vigorar no período de 1939-1943.
Depois em 30.12.1943 pelo decreto-lei estadual nº 268, o distrito com o nome Monte Alegre passou a chamar-se Quirambu. A justificativa da mudança do nome para Quirambu era porque existiam localidades com nome de Monte Alegre nos estados do Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, São Paulo e Sergipe. Essa denominação vigorou durante o período de 1944-1948.
Pela lei estadual nº 929, de 25.11.1953, desmembra do município de São José de Mipibu o distrito de Monte Alegre e foi elevado à categoria de município.
A emancipação política do distrito de Monte Alegre aconteceu em 25.11.1953 devido as teimosas investidas feitas pelos cidadãos monte-alegrenses e capitaneada por Áureo Paiva. O projeto de lei na câmara dos vereadores de São José de Mipibu foi de autoria do vereador Áureo Lamartine Paiva filho de Áureo Paiva. Assim em 06.02.1954 toma posse o Cel. Severino Raul Gadelha que governou até 31.01. 1955, nomeado pelo Governador Silvio Pedrosa. Finalmente no final de 1954 é eleito pelo voto popular o sr. Áureo Lamartine Paiva que toma posse no dia 01.02.1955 e passa a ser o primeiro prefeito eleito do município. Depois vieram os seguintes prefeitos sendo alguns com mais de uma gestão; Heronides Lustosa Lopes, João Galvão da Silva, Solon Ubarana da Silva (5), Iarandir de Aguiar, Maria das Graças Marques da Silva (3), Severino Rodrigues da Silva (2) e atualmente André Rodrigues da Silva.
Origem: Murilo Paiva Lopes
A cultura monte alegrense é rica e diversificada. As vezes atropeladas por valores avessos a nossa identidade, mas que se transportam na velocidade da internet e dessa forma encabulam os fazedores de arte que teimam em cultivarem e transmitirem os saberes a passo de tropeiros. Os cantares, artesanatos, culinárias, músicas, danças, ritmos, literaturas, dramas são reservas culturais guardadas por muito tempo nas comunidades e famílias. É preciso fazer esse resgate e ter orgulho do que é nosso. Aproveitamos aqui para relembrar alguns desses saberes que marcaram épocas. Uns adormeceram e outros germinaram sementes que frutificam até hoje.
Cavalhada era um esporte cultural que lembrava as manobras dos embates de guerra entre mouros e cristãos. Esse evento sempre acontecia na Av. Juvenal Lamartine e envolvia muitos jovens da sociedade. Hoje se encontra sem atividade.
Carnavais no passado fizeram muito sucesso. Um desses carnavais, no ano de 1929, organizado por Áureo Paiva durou onze dias. Atualmente devido a proximidade da cidade com o litoral é hábito dos foliões curtirem os carnavais nas praias.
Dramas eram organizados pelas moças da sociedade onde as apresentações aconteciam no armazém cedido por Áureo Paiva nos anos 30 e 40. Hoje essas manifestações culturais acontecem nas escolas municipais sob a coordenação das professoras.
Bois de Reis que tiveram como mestres Éneas Galvão, Miguel Pinheiro (conhecido como Miguel Mandú que chegou se apresentar em Natal para Luís da Câmara Cascudo), Chico Domingos, Ciço Cajueiro, Elias Baraúna. Hoje essa arte está sendo resgatada pelo grupo Estrela Matutina coordenado por Assis Silva.
João Redondo era uma arte de poucos em Monte Alegre. Miguel relâmpago era um deles, morava na rua das Piabas e também afinava sanfona. Outro que também divertia a população brincando com os bonecos de mamulengos (calungas) era o sr. Manoel Fernandes. Na atualidade existe uma apresentação criada pelo grupo Estrela Matutina para o público infantil com o nome SEU LUIZ E OS BONECOS. É apresentado pelo personagem Seu Luiz com as participações dos personagens Lelê, Juninho e São Pitu, os bonecos são manipulados por Assis Silva que faz os personagens Libozônio e Maricota. Apresentam-se em escolas, igrejas, festas da cidade.
Pastoril sobrevive até hoje graças aos jovens do bairro da Esperança com a orientação de Assis Silva. No passado tinha o grupo Flor do Lírio conduzido por sr. Pedro Vieira que concorria com o grupo vindo de Natal Mimozita de Maria Batista a mãe de Dona Chiquinha. Esse grupo foi herdado por Dona Chiquinha Nilo que fez escola e mais tarde surgiram outros grupos como o de Sonia Soares.
Vaquejada também é um esporte cultural que Monte Alegre teve destaque estadual com suas festas de vaquejadas muito organizadas que atraiam grande público. Monte Alegre foi pioneiro em mudanças nas regras desse esporte tendo à frente o Sr. Áureo Paiva na coordenação contando com a colaboração dos seus filhos e rapazes da sociedade que gostavam do esporte. Atualmente a cidade de Monte Alegre detém o título de Capital Estadual dos Circuitos de Vaquejada.
Bandas de música é algo que encanta Monte Alegre desde o primeiro dia do ano de 1921 quando foram formados os primeiros músicos e tocaram a primeira música que foi o Hino da Independência do Brasil. No total eram 22 instrumentos que foram comprados por João de Paiva em Milão. Atualmente existe uma formação continua de músicos de banda por meio do estudo dos instrumentos com aulas específicas e encontros com especialistas na área musical. Esse trabalho é coordenado pelo prof. Luís Dantas e equipe, com o apoio da Secretaria de Cultura, Turismo e Comunicação Social.
O São João é uma das festas mais tradicionais do município sempre comemorada com muito entusiasmo pela população. Considerado como o maior São João do agreste e reconhecido pelo governo do estado como a Capital Potiguar das Quadrilhas Juninas. Um dos eventos mais prestigiados pela população local e visitantes.
O Natal é um evento também já consagrado na agenda cultural do município. Os festejos natalinos chegam ao ápice com apresentações cênicas do Monte Alegre, Sonhos de Natal e Shows culturais. É recorde de público também.
As festas religiosas mais conhecidas são a da Padroeira Nossa Senhora da Penha realizada sempre no final de outubro com o Auto de Nossa Senhora da Penha, missa do vaqueiro, procissões, etc. Outra tradicional é a festa de São Sebastião com barracas, bandas de música, fogos que acontece sempre no mês primeiro
Festa da Emancipação Politica que sempre acontece em novembro em alusão a emancipação municipal que ocorreu em 25.11.1953. Evento muito esperado pela população com grande presença de publico local e de visitantes na expectativa de apresentações de artistas da terra e de cantores convidados.
Festa do trabalhador organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais com shows e uma grande distribuição de brindes. Essa festa reúne muita gente principalmente da zona rural.
Origem: Murilo Paiva Lopes
O município possui atualmente 4 (quatro) distritos que foram criados e organizados através de lei municipal, garantida a participação popular. As leis de criação dos distritos são; Lei n° 387/2003, cria o Distrito de Lagoa do Mato, Lei n° 809/2015, cria o Distrito do Sobrado, Lei n° 810/2015, cria o Distrito do
Fontes, Lei n° 811/2015, cria o Distrito de Onofre Lopes.
O município de Monte Alegre é composto ainda por 29 comunidades rurais, as quais estão localizadas numa distância média de 11 km em relação à sede.
A relação do rio Trairi com o dia a dia dos moradores do povoado era muito intrínseca. A população tinha o rio como um provedor de água, mas também como um orientador de posicionamento geográfico. Normalmente quando as pessoas se encontravam e iam se despedir faziam a seguinte pergunta; você vai subir ou vai descer? E a resposta era dada de acordo com a posição da pessoa com relação ao fluxo das águas do rio. Se a pessoa fosse em direção para onde as águas estavam correndo a resposta seria "descer". Se fosse o contrário seria "subir".
O relógio de pulso era um aparelho de difícil aquisição e caro. As várzeas do município plantadas de algodão, feijão ou milho sempre tinham uma grande quantidade de trabalhadores cultivando as lavouras nos seus estágios mais diferentes. Mas existia uma dificuldade no controle para "pegar" ou "largar" do serviço. Muitos se baseavam pela posição do sol. Outros marcavam um lugar da sombra para definir tal horário. Por ultimo com o surgimento dos ônibus coletivos saindo e chegando de Natal com maior frequência a população pedia para os motoristas acionarem a buzina de ar que tinha um grande alcance.
Os locais da estrada que os motoristas buzinavam era no pé da ladeira do Jardim e na ultima curva para entrar na cidade. Os horários já eram conhecidos pela população e dessa forma facilitava a vida dos montealegrenses.
Quando em 1930 o prefeito Áureo Paiva inaugurou a energia elétrica no povoado de Monte Alegre, muitos vieram das comunidades rurais e ficaram boquiabertos em baixo dos postes olhando para a luz querendo uma explicação sem entender como a lâmpada acendia e como a energia vinha pelo fio.
Monte Alegre nos anos 50 e 60 apenas na comunidade do Retiro e Jardim se colhiam 3(três) carradas de laranjas que eram vendidas aos sábados na feira de frutas do Alecrim em Natal, precisamente na Av. 3 com a Av. 10. Toda essa produção era comprada dos sitiantes do Retiro por Dona Zulima. Dona Lica viúva de Luís Alves era uma das produtoras.
A ponte sobre o rio Trairi na entrada de Monte Alegre era um desejo antigo de muitos habitantes e passantes por aquela estrada. Quando o rio estava cheio ninguém passava e mesmo o rio quando baixava ficava atolando durante muito tempo. No ano de 1951 um engenheiro civil por nome João Galvão de Medeiros vinha de carro com toda sua família e tentou passar no rio com pouquíssima água e ficou atolado. Só conseguiu sair do atoleiro altas horas da noite puxado por dois bois de carroça de Heronides Lustosa Lopes. Ao sair do atoleiro fez uma jura que iria sair candidato a deputado federal e tentaria uma emenda para a construção de uma ponte para esse local. No pleito de 1954 elegeu-se deputado federal e ficou na câmara federal até janeiro de 1959.
A ponte foi construída em 1958. A ponte só pode funcionar em 1963 quando foram construídas as cabeceiras pelo DER em parceria com a prefeitura municipal. Por coincidência o prefeito era Heronides Lustosa Lopes o mesmo que o retirou do atoleiro.
HINO DO MUNICÍPIO
Monte Alegre és terra altaneira
deste forte rincão Potiguar
Tens a fibra, que ostenta a bandeira
Dos teus filhos que sabem te amar!
Seja o hino que todos cantamos
Só de Glória da raça Poti
Nesta terra que sempre Adoramos
namorada do Belo Trairi (bis)
Tuas terras são férteis e ameno
é teu clima banhado de luz
O teu povo trabalha sereno
Colhe os fruto que o solo produz.
Teu folclore tão rico é lição
Da cultura fiel, popular
Traz, do povo, a real tradição
Que o teu nome só faz exaltar!
Meus filhos daqui engrandecem
Teu passado que aponta o porvir
Pois no espelho dos que te enaltecem
Teu progresso se faz refletir!
À Senhora da Penha rogamos
Que abençoe do teu povo o labor
Monte Alegre por ti trabalhemos
E que aumente por ti nosso amor.
BRASÃO DO MUNICÍPIO
BANDEIRA DO MUNICÍPIO